1 – Devemos dizer e escrever: “O filho vive à
custa do pai". No singular.
A expressão “custas” só
se usa na linguagem jurídica para designar despesas referentes ao processo.
2 - Não existe a expressão à medida em
que. Ou se usa à medida que correspondente a à
proporção que, ou se usa na medida em que equivalente a tendo
em vista que.
3 - O certo é a meu ver e não ao
meu ver.
4 - A princípio significa inicialmente,
antes de mais nada: Ex: A princípio, gostaria de dizer que estou
bem. Em princípio quer dizer em tese. Ex: Em
princípio, todos concordaram com minha proposta.
5 - À-toa, com hífen, é um
adjetivo e significa "inútil", "desprezível". Ex: Esse
rapaz é um sujeito à-toa. À toa, sem hífen, é uma locução
adverbial e quer dizer "a esmo", "inutilmente". Ex: Estava
à toa na vida.
6 - Com a conjunção se, deve-se
utilizar acaso, e nunca caso. O certo: "Se acaso vir
meu amigo por aí, diga-lhe..." Mas podemos dizer: "Caso o veja por
aí...".
7 - Acerca de quer dizer
a respeito de. Veja: Falei com ele acerca de um problema matemático. Mas
há cerca de é uma expressão em que o verbo haver indica tempo
transcorrido, equivalente a faz. Veja: Há cerca de um mês que não
a vejo.
8 - Não esqueça: alface é substantivo
feminino. Masculino é pepino, tomate e chuchu.
9 - Além pede sempre o hífen:
além-mar, além-fronteiras, etc.
10 - Algures é um advérbio de lugar e
quer dizer "em algum lugar". Já alhures significa "em
outro lugar". Hoje em dia, no entanto, pouco se lê algurres ou alhures.
Ainda bem...
11 - Mantenha o timbre fechado do o
no plural dessas palavras: almoços, bolsos, estojos, esposos, sogros, polvos,
etc. Pronuncie como bôlsos, espôsos etc.
12 - O certo é alto-falante, e
não auto-falante. Ele fala alto mas não fala sozinho.
13 - O certo é alugam-se casas,
e não aluga-se casas. Mas devemos dizer precisa-se de empregados,
trata-se de problemas. Observe a presença da preposição (de) após o
verbo. É a dica pra não errar.
14 - Depois de ditongo, geralmente se
emprega x. Veja: afrouxar, encaixe, feixe, baixa, faixa, frouxo,
rouxinol, trouxa, peixe, etc.
15 - Ancião tem três plurais:
anciãos, anciães, anciões. Já jovem só tem um: jovens.
16 - Só use ao invés de
para significar ao contrário de, ou seja, com idéia de oposição. Veja:
Ela gosta de usar preto ao invés de branco. Ao invés de chorar, ela sorriu. Em
vez de quer dizer em lugar de. Não tem necessariamente a
idéia de oposição. Veja: Em vez de estudar, ela foi brincar com as colegas.
(Estudar não é antônimo de brincar).
17 - Ainda se vê e se ouve muito aterrisar
em lugar de aterrissar, com dois s. Escreva sempre com o s
dobrado. O piloto agradece.
18
- "Fazem" cinco anos que não vou ao cinema. Barbaridade!!!
Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos que não vou ao
cinema. / Fazia dois séculos. / Fez 10 dias. / Faz dez minutos que
ele saiu.
19 - Ainda se vê muito, principalmente na
entrada das cidades, a expressão bem vindo (sem hífen) e até benvindo.
As duas estão erradas. Deve-se escrever bem-vindo, sempre com
hífen.
20 - Atenção: nunca empregue hífen depois de bi,
tri, tetra, penta, hexa, etc. O nome fica sempre coladinho. O Sport se
tornou tetracampeão no ano 2000. O Náutico foi hexacampeão em
1968. O Brasil foi bicampeão em 1962.
21 - Veja bem: uma revista bimensal
é publicada duas vezes ao mês, ou seja, de 15 em 15 dias. A revista bimestral
só sai nas bancas de dois em dois meses. Percebeu a diferença?
22 - Hoje, tanto se diz boêmia como boemia.
Nelson Gonçalves consagrou a segunda, com a tonacidade no mia.
23 - Cuidado: Eu caibo dentro daquela
caixa. A primeira pessoa do presente do indicativo assim se escreve porque o
verbo é irregular.
24 - Preste atenção: o senador foi cassado.
Mas o tigre foi caçado e nunca foi achado. Portanto, cassar (com
dois s) quer dizer tornar nulo, sem efeito.
25 - Existem palavras que só devem ser
empregadas no plural. Veja: os óculos, as núpcias, as olheiras, os
parabéns, os pêsames, as primícias, os víveres, os afazeres, os anais, os
arredores, os escombros, as fezes, as hemorróidas, etc.
26 - Pouca gente tem coragem de usar, mas o
plural de caráter é caracteres. Então, Marcelo pode ser um bom-caráter,
mas os dois irmãos dele são maus-caracteres.
27 - Cartão de crédito e cartão de
visita não pedem hífen. Já cartão-postal exige o tracinho.
28 - Catequese se escreve com s, mas
catequizar é com z. Mas a igreja não culpa disso.
29 - O exemplo acima foge de uma regrinha que
diz o seguinte: os verbos derivados de palavras primitivas grafadas com s
formam-se com o acréscimo do sufixo -ar: análise-analisar,
pesquisa-pesquisar, aviso-avisar, paralisia-paralisar, etc.
30 – Se for para "mim" fazer, pode crer que o trabalho não será feito.
Porque “mim” não faz, e não faz porque “mim” não pode ser sujeito. Diga assim: Para
eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
31 – Atenção: antes de começar a redigir uma
carta, decida em que pessoa irá tratar o destinatário: tu ou você. E cuidado
para não modificar o tratamento no decorrer do texto. Este é um erro muito
comum entre os inexperientes.
32 - Cidadão só tem um plural: cidadãos.
33 - Cincoenta não existe. Escreva
sempre cinqüenta.
34 - Ainda tem gente que erra quando vai
falar gratuito e dá tonicidade ao i, como de fosse gratuíto. O certo
é gratuito, da mesma forma que pronunciamos intuito, circuito, fortuito,
etc.
35 - E ainda tem gente que teima em dizer
rúbrica, em vez de rubrica, com a sílaba bri mais forte que as
outras. Escreva e diga sempre rubrica.
36 - Ninguém diz eu coloro esse desenho.
Dói no ouvido. Portanto, o verbo colorir é defectivo (defeituoso) e não aceita
a conjugação da primeira pessoa do singular do presente do indicativo. A mesma
coisa é o verbo abolir. Ninguém é doido de dizer eu abulo. Pra dar um
jeitinho, diga: Eu vou colorir esse desenho. Eu vou abolir esse preconceito.
37 - Outro verbo danado é computar.
Não podemos conjugar as três primeiras pessoas: eu computo, tu computas, ele
computa. Podem entender outra coisa, não é mesmo? Então, para evitar esses
palavrões, decidiu-se pela proibição da conjugação nessas pessoas. Mas se
conjugam as outras três do plural: computamos, computais, computam.
38 - Outra vez atenção: os verbos terminados
em -uar fazem a segunda e a terceira pessoa do singular do presente do
indicativo e a terceira pessoa do imperativo afirmativo em -e e não em -i.
Observe: Eu quero que ele continue assim. Efetue essas
contas, por favor. Menino, continue onde estava.
39 - A propósito do item anterior, devemos
lembrar que os verbos terminados em -uir devem ser escritos naqueles
tempos com -i, e não -e. Veja: Ele possui muitos bens. Ela
me inclui entre seus amigos de confiança. Isso influi bastante
nas minhas decisões. Aquilo não contribui em nada com o progresso.
40 - Coser significa costurar. Cozer
significa cozinhar.
41 - O correto é dizer deputado por
São Paulo, senador por Pernambuco, e não deputado de São Paulo e
senador de Pernambuco, apesar de eleitos, é claro.
42 - Descriminar é absolver de crime,
inocentar. Discriminar é distinguir, separar. Então dizemos: Alguns
políticos querem descriminar o aborto. Não devemos discriminar os pobres.
43 - Dia a dia (sem hífen) é uma
expressão adverbial que quer dizer todos os dias, dia após dia. Por exemplo: Dia
a dia minha saudade vai crescendo. Enquanto que dia-a-dia é um
substantivo que significa cotidiano e admite o artigo: O dia-a-dia
dessa gente rica deve ser um tédio.
44 - A pronúncia certa é disenteria, e
não desinteria.
45 - A palavra dó (pena) é
masculina. Portanto, "Sentimos muito dó daquela moça".
46 - Nas expressões é muito, é
pouco, é suficiente, o verbo ser fica sempre no singular,
sobretudo quando denota quantidade, distância, peso. Ex: Dez quilos é muito.
Dez reais é pouco. Dois gramas é suficiente.
47 - Há duas formas de dizer: é proibido
entrada, e é proibida a entrada. Observe a presença do artigo a
na segunda locução.
48 - Já se disse muitas vezes, mas vale
repetir: televisão em cores, e não a cores.
49 - Cuidado: emergir é vir à tona,
vir à superfície. Por exemplo: O monstro emergiu do lago. Mas imergir
é o contrário: é mergulhar, afundar. Veja o exemplo: O navio imergiu em
alto-mar.
50 - A confusão é grande, mas se admitem as
três grafias: enfarte, enfarto e infarto. Bom, contudo, é fugir dos
três.
51 - Outra dúvida: nunca devemos dizer estadia
em lugar de estada. Portanto, a minha estada em São Paulo durou
dois dias. Mas a estadia do navio em Santos só demorou um dia. Portanto,
estada para permanência de pessoas, e estadia
para navios ou veículos.
52 - E não esqueça: exceção é com ç,
mas excesso é com dois s.
53 - Lembra-se dos verbos defectivos? Lá vai
mais um: falir. No presente do indicativo só apresenta a primeira e a
segunda pessoa do plural: nós falimos, vós falis. Já pensou em
conjugá-lo assim: eu falo, tu fales...Horrível, né?
54 - Todas as expressões adverbiais formadas
por palavras repetidas dispensam a crase: frente a frente, cara a cara, gota
a gota, face a face, etc.
55 - Outra vez tome cuidado. Quando for ao
supermercado, peça duzentos ou trezentos gramas de presunto, e
não duzentas ou trezentas. Quando significa unidade de massa, grama
é substantivo masculino. Se for a relva, aí sim, é feminino: não pise na
grama; a grama está bem crescida.
56 - É freqüente se ouvir no rádio ou na TV
os entrevistados dizerem: Há muitos anos atrás... Talvez nem saibam que
estão construindo uma frase redundante. Afinal, há já dá idéia de
passado. Ou se diz simplesmente Há muito anos... ou Muitos anos
atrás. Escolha. Mas não junte o há com atrás.
57 - Cuidado nessa arapuca do português: as
palavras paroxítonas terminadas em -n recebem acento gráfico, mas as
terminadas em -ns não recebem: hífen, hifens; pólen, polens.
58 - Atenção: Ele interveio na
discórdia, e não interviu. Afinal, o verbo é intervir, derivado de vir.
59 - Item não leva acento. Nem
seu plural itens.
60 - O certo é a libido,
feminino. Devo dizer: Minha libido hoje não tá legal.
61 - Todo mundo gosta de dizer magérrima,
magríssima, mas o superlativo de magro é macérrimo.
62 - Antes de particípios não devemos
usar melhor nem pior. Portanto, devemos dizer: os alunos mais
bem preparados são os do 2o grau. E nunca: os alunos melhor
preparados...
63 - Essa história de mal com l, e mau
com u, até já cansou: É só decorar: Mal é antônimo de bem, e mau
é antônomo de bom. É só substituir uma por outra nas frases para
tirar a dúvida.
64 - Pronuncie máximo, como se
houvesse dois s no lugar do x. (mássimo)
65 - Toda vez que disser "É meio-dia e
meio" você estará errando. O certo é: meio-dia e meia. Ou seja,
meio dia e meia hora.
66 - Não tenho nada a ver com
isso, e não haver com isso.
67 - Nem um nem outro leva o verbo
para o singular: Nem um nem outro conseguiu cumprir o que prometeu.
68 - Toda vez que usar o verbo gostar
tenha cuidado com a ligação que ele tem com a preposição de. Ex: a coisa
de que mais gosto é passear no parque. A pessoa de que mais gosto
é minha mãe.
69 - Lembre-se: pára, com acento, é do
verbo parar, e para, sem acento, é a preposição. Portanto: Ele não pára
de repetir para o amigo que torce pelo Vasco da Gama.
70 - E tem mais: pelo, sem acento, é
preposição (contração da preposição por com o artigo a) e pêlo,
com acento, é o cabelo.
71 - E quer mais? Pêra, a fruta, leva
acento, só para diferenciar de uma antiga preposição também chamada pera. Já o
plural dispensa o acento: peras. Dá pra entender? O jeito é decorar.
72 - Ainda tem mais uma palavra com acento
diferencial: pôde, terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do
verbo poder. É para diferenciar de pode, a forma do presente.
Então dizemos: Ele até que pôde fazer tudo aquilo, mas hoje não pode mais.
Percebeu a diferença?
73 - Pôr só leva acento quando
é verbo: "Quero pôr tudo no seu devido lugar". Mas se for preposição,
não leva acento: Por qualquer coisa, ele se contenta.
74 - Fique atento: nunca diga nem escreva 1
de abril, 1 de maio. Mas sempre: primeiro de abril, primeiro de
maio. Prevalece o ordinal.
75 - É chato, pedante ou parece ser errado
dizer "quando eu vir Maria, darei o recado a ela". Mas esse é
o emprego correto do verbo ver no futuro do subjuntivo. Se eu vir,
quando eu vir. Mas quando é o verbo vir que está na jogada, a coisa
muda: quando eu vier, se eu vier.
76 - Só use quantia para somas em
dinheiro. Para o resto, pode usar quantidade. Veja: Recebi a quantia de
20 mil reais. Era grande a quantidade de animais no meio da pista.
77 - O prefixo recém sempre se separa
por hífen da palavra seguinte e deve ser pronunciado como oxítona: recém-chegado
de Paris.
78 - Não esqueça: retificar é
corrigir, e ratificar é comprovar, reafirmar: "Eu ratifico o que
disse e retifico meus erros.”
79 - Quando disser ruim, diga como se
a sílaba mais forte fosse -im. Não tem cabimento outra pronúncia.
80 - Fique atento: só empregamos São
antes de nomes que começam por consoante: São Mateus, São João, São Tomé, etc.
Se o nome começa por vogal ou h, empregamos Santo: Santo Antonio, Santo
Henrique, etc.
81 - E lembre-se: Seção, com ç,
quer dizer parte de um todo, departamento: a seção eleitoral, a seção de
esportes. Já sessão, com dois s, significa intervalo de tempo que
dura uma reunião, uma assembléia, um acontecimento qualquer: A sessão do
cinema demorou muito tempo. A sessão espírita terminou.
82 - Não confunda: senão, juntinho, quer
dizer "caso contrário". E se não, separado, equivale a
"se por acaso não". Veja: Chegue cedo, senão eu vou embora. Se
não chegar cedo, eu vou embora. Percebeu a diferença?
83 - Tire esta dúvida: quando só é
adjetivo equivale a sozinho e varia em número, ou seja, pode ir para o
plural. Mas só como advérbio, quer dizer somente. Aí não se mexe.
Veja: Brigaram e agora vivem sós (sozinhos). Só (somente) um bom
diálogo os trará de volta.
84 - É comum vermos no rádio e na TV o
entrevistado dizer: "O que nos falta são subzídios". Quer
dizer, fala com a pronúncia do z. Mas não é: pronuncia-se ss. Portanto,
escreva subsídio e pronuncie subssídio.
85 - Taxar quer dizer
"tributar", "fixar preço". Tachar é "atribuir
defeito", "acusar".
86 - E nunca diga: Eu torço para
o Flamengo. Quem torce de verdade, torce pelo Vasco.
87 - Todo mundo tem dúvida, mas preste
atenção: 50% dos estudantes passaram nos testes finais. Somente 1%
terá condições de pagar a mensalidade. Acreditamos que 20% do eleitorado
se abstenha de votar nas próximas eleições. Mais exemplos: 10% estão
aptos a votar, mas 1% deles preferem fugir das urnas. Quer dizer,
concorde com o mais próximo e saiba que essa regra é bastante flexível.
88 - Um dos que deixa dúvidas. Há
gramáticos que aceitam o emprego do singular depois dessa expressão. Mas pela
norma culta, devemos pluralizar: Eu sou um dos que foram admitidos.
Sandra é uma das que ouvem rádio.
89 - Veado se escreve com e, e não com
i.
90 - Esse português da gente tem cada uma:
tem viagem com g e viajem com j. Tire a dúvida: viagem é o
substantivo: A viagem foi boa. Viajem é o verbo: Caso vocês viajem,
levem tudo.
91 - O prefixo vice sempre
se separa por hífen da palavra seguinte: vice-prefeito, vice-governador,
vice-reitor, vice-presidente, vice-diretor, etc.
92 - Geralmente, se usa o x depois da
sílaba inicial -en: enxaguar, enxame, enxergar, enxaqueca, enxofre,
enxada, enxoval, enxugar, etc. Mas cuidado com as exceções: encher
e seus derivados (enchimento, enchente, enchido, preencher, etc) e quando -en
se junta a um radical iniciado por ch: encharcar (de charco), enchumaçar
(de chumaço), enchiqueirar (de chiqueiro), etc.
93 - Não adianta teimar: chuchu se
escreve mesmo é com ch.
94 - Ciclo vicioso não existe. O
correto é círculo vicioso.
95 - E qual a diferença entre achar e encontrar?
Use achar para definir aquilo que se procura, e encontrar para aquilo que, sem
intenção nenhuma, se apresenta à pessoa. Veja: Achei finalmente o que
procurava. Maria encontrou uma corda debaixo da cama. Jorge achou o
gato dele que fugiu na semana passada.
96 - Adentro é uma palavra só:
Meteu-se porta adentro. A lua sumiu noite adentro.
97 - Não existe adiar para depois.
Isso é redundante, porque adiar só pode ser para depois.
98 - Afim (juntinho) tem relação com afinidade:
gostos afins, palavras afins. A fim de (separado) equivale a para:
Estou a fim de conversar com ela.
99 – Prezado é a pessoa a quem
prezamos. Escrevemos com “z”. O que se escreve com “s” é preso, celerado.
100 – Por fim é finalmente. Pôr
fim, é dar fim, terminar.