Descrição Sensorial

É um tipo de descrição, conhecida também por sinestésica, que se apóia nas sensações. A descrição sensorial torna o texto mais rico, forte, poético; faz com que o leitor interaja com o narrador e com a personagem. 

As sensações são: 

Visuais: relacionadas à cor, forma, dimensões, etc.

Era um olho amendoado, grande, dum azul celestial, de traços suaves...” 

Auditivas: relacionadas ao som. 

O silêncio tornara-se assustador, o zumbido do vento fazia chorar as janelas...” 

Gustativas: relacionadas ao gosto, paladar. 

Tua despedida amarga, o sorrido irônico, insosso; deixaram-me angustiado.” 

Olfativas: relacionadas ao cheiro. 

O cheiro de terra trazido pelo vento úmido era prenúncio de chuva.” 

Táteis: relacionadas ao tato, contato da pele. 

As mãos ásperas como casca de árvore, grossas, ríspidas, secas como pedra.” 

Veja o belíssimo texto de Cecília Meireles. Observe como as descrições sensoriais são trabalhadas.


NOITE

Úmido gosto de terra,
cheiro de pedra lavada,
– tempo inseguro do tempo! –
sobra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.

Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
– lábio da voz sem ventura! –
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.

A noite abria a frescura
dos campos todos molhados,
– sozinho, com o seu perfume! –
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.

Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento...
– de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta
entre as estrelas e o vento.